Data: 28/09/2018 às 16h
Local: L1154
Área de concentração: Filosofia
Orientador: Maxime Rovere
Resumo: Este trabalho investiga as variadas relações que Espinosa entretém com o campo da religião ao desenvolver um pensamento centrado na questão ética. Para além da imagem exclusivamente focada no filósofo que – mobilizado em seu pensamento em torno daquilo que verdadeiramente constituiria o bem – faria oposição face ao campo da religião, procuramos dar relevo também àqueles momentos em que Espinosa é levado a engajar-se no estabelecimento de relações de aliança com certo uso da Bíblia, ou até mesmo em que flertava com a incorporação, no seu exercício filosófico propriamente dito, da religião, mas tomada como algo, ela mesma, inteiramente racional. A dissertação é uma tentativa de compor um panorama das relações múltiplas que Espinosa entretém com o campo religioso e do que está em jogo a cada vez para o desenvolvimento do problema ético. Organizada em três capítulos, cada qual centrado no estudo de certa atitude diante do campo religioso tomada por Espinosa. Primeiro, cujo foco é estudar aquilo que punha o filósofo num combate diante do campo religioso. Segundo, cujo foco é o apelo a uma distinção da filosofia em face da religião (no caso, da teologia), mas sem a condenação desta, ao contrário, acompanhada de certo elogio de sua utilidade, mesmo permanecendo um regime de imaginação e de obediência distinto da filosofia, mas desde que depurada da superstição e veiculando uma mensagem de caridade, justiça, etc. Terceiro, e por fim, cujo foco é um tipo de atitude segundo a qual a própria caracterização do que estaria referido à religião não se distingue bem do que é o fazer filosófico ao qual Espinosa se dedica. Aqui, religião aparece como algo desenvolvido inteiramente no elemento racional ou intelectual, ideal que teve o seu lugar, notadamente, dentro do movimento dos colegiantes e que Espinosa deu desenvolvimento em certas ocasiões.